30 de outubro de 2007

procura-se

"num mundo cujo sentido se prende no amor pelas pessoas, cada vez gostamos menos uns dos outros"

tu

és tu ainda. tu que nada crias. tu que nada plantas. tu que nada regas. és tu que fazes florescer em mim a flor mais bonita. a mais fresca. a mais perfumada. flor que nem eu posso colher.
que cresce selvagem, independentemente da vontade. apesar do frio, da chuva e do gelo permanece. em mim. és tu.

1 de julho de 2007

dias de verao

Naqueles dias amanhecia mais cedo, e o sol entrava pelas janelas estreitas com suavidade, como que dizendo bom dia a todos. O soalho velho e escuro iluminava- se deixando vislumbrar as pequenas brechas que nele se iam abrindo. Era mais um dia de verão.
Lia acordava com o barulho característico das manhãs de sua casa. O quarto dela ficava mesmo ao pé da cozinha, ouvindo-se por isso a loiça a ser remexida, vozes já bem despertas, que se confundiam com os sons da natureza lá fora. Os passarinhos acordavam sempre bem dispostos ,pensava ela, ao ouvi-los da sua cama ainda na preguiça. Após acordar Lia levantava-se de um salto, sentindo já uma pontinha de fome, sendo este um dos motivos que a apressavam a levantar-se. Calçava os chinelos, amarrava o cabelo despenteado, e abria a porta do quarto, decidida a descobrir o que a esperava na cozinha, mesmo ao pé. Naquele dia, tal como em todos os outros, lá estava a sua mãe, a preparar o pequeno almoço: fruta, pães, fiambre, manteiga, leite e cevada.
- Olha um sapo!
Era o que a mãe lhe dizia a sorrir, brincando devido ao seu ar ensonado.
- Tenho fome! Bom dia! Respondia-lhe a Lia, fazendo-lhe uma careta.

Lia engolia um copo de leite e um pão com fiambre, o seu pequeno almoço favorito, e corria para o quarto para trocar de roupa. Era verão, estava de férias e queria despachar-se. Havia um mundo lá fora para descobrir, arvores para subir, riachos para atravessar, novos caminhos para explorar, todo um conjunto de novas experiencia que ela não queria perder por nada.

you dont know my name

se ao menos pudesse arranca-lo
atira-lo e deitar fora
este coraçao que me trai
me impele a esquecer agora


deste amor tao absurdo
que so sofrimento traz
ilusões enganadoras
momentos que satisfaz

sentimento que angustia
nas noites mais solitarias
nos deixa aos maos vazias
faz de nós suas cobaias

so queria que fosse embora
me deixasse respirar
se esvaisse da memoria
sem desejo de voltar

queria ve-lo distante
esquecido e final
queria viver um novo,
mas bonito, nao igual.

queria ser mais que ele
bem mais forte e logo então
fazer o mundo saber
estou livre da prisão

esta que me sufoca
e me deixa sem caminho
que me deixa triste à toa
sedenta de um carinho

24 de abril de 2007

e se eu disser tudo aquilo que nao sinto
e se for tudo aquilo que não sou
e se eu virar o mundo do avesso
e estiver onde nao estou

e se eu chorar em vez de rir
e perguntar só o queres
se eu não for directa ao assunto
e fingir que nao me feres

serei mais feliz entao?
contente na mentira
agarrada à ilusão
que nada dá, somente tira

se tudo isso te apraz
que desta vez seja assim
vou negar-me a minha alma
para que cuides mais de mim

22 de abril de 2007

um dia amanhece, e o sol brilha, abrimos os olhos e comtemplamos. olhamos em volta e percebemos que faz sentido renascer, e deixar tudo o que está para trás. pôr o lixo no lixo. e as flores no jarro. e esse dia é um dia feliz.

27 de março de 2007

gosto

Gosto.

Dos teus olhos negros, brilhantes. Silenciosos. Vibrantes.
Escondem um tudo que me suscita o desejo arrebatador de o deslindar. De ficar, de permanecer.
Naquele que é o sonho de ser. De crescer, de sonhar, de querer, de acreditar,de agarrar, de convencer, de poder.E retribuir... com a mesma força de amar. De enternecer e de dar. E tudo só num olhar.

14 de março de 2007

tudo

tudo o que quero é quietude
tudo o que quero é mar
tudo o que quero é atitude
serena, firme e bem estar

tudo o que quero é sol
perfume de primavera
tudo o que quero é saber
sentir o riso dela

tudo o que quero
queria, mas nao quero mais
desejo de estar e ser quem nao sou
eu era, mas não sou mais

2 de março de 2007

estava tudo coberto de um pó dourado e cintilante. soprei delicadamente e uma camada fina e brilhante se elevou no ar, deixando-me vislumbrar os teus olhos morenos. lindos e expectantes.aproximei-me e juntos dançamos ao som de uma melodia única, silenciosos, receando acordar.

22 de fevereiro de 2007

queria poder dizer-te palavras bonitas. daquelas acariciam e aquecem a alma. Palavras que exprimissem toda a ternura do mundo, aquela que conforta e acalma.
queria falar-te de mundos, e terras distantes. de cheiros e sabores ao entardecer. daqueles que nos tornam cumplices e amantes, nos veem acordar e adormecer.
contar-te todas as coisas que os meus olhos já viram, historias e peripécias de rir e chorar. conseguir fazer-te viver cada momento do meu mundo, e ver-te feliz, atento a escutar.
queria falar-te de sonhos, de segredos escondidos, de memórias e desejos para amanha. percorrer o mundo em sentidos, num repente, sentir que o tudo é o agora e já.


20 de fevereiro de 2007

seja o que for

e se vieres como se nunca tivesses partido
vou abrir-te a porta como se nunca a tivesse fechado
e se sorrires com a simplicidade que tem um amigo
vou abraçar-te e deixar-me assim
serena por te ter reencontrado

4 de fevereiro de 2007

"Sometimes the beatings so loud in my heart
That I can barely tell our voices apart
Sometimes the fear is so loud in my head
That I can barely hear what God says

Then I hear a whisper that this too shall pass
I hear the angel’s whisper that this too shall pass
My ancestors whisper that this day one day will be the past
So I walk in faith that this too shall pass"

India Arie- this too shall pass

1 de fevereiro de 2007

amanhece na cidade da luz. a cidade que escolhi e me escolheu. aquela na qual me apetece ser,viver rir e sonhar. hoje apeteceu.me dizer.te ao ouvido, para que as casas, as ruas, os passeios e as pedras da calçada saibam: gosto muito de ti. de ti ja senti saudades e a ti quero sempre voltar. porque tudo o que em mim encontra um lugar, não mais o volta a perder.

laços

E se um dia, chegassemos ao pé daqueles por quem nutrimos um amor incondicional, que não oscila, que não desbota, que não deixa de fazer sentido, que não se vai embora com a mudança de estações, e dissessemos que afinal já não sentimos o mesmo. Que nos desiludiram, que afinal não são aquilo que queríamos para nós, ou simplesmente que a nossa relação perdeu o encanto. O melhor seria portanto, seguirmos vidas separadas. Encontrarmos outros pais, e os nossos pais outros filhos, uns que os preencham mais e desiludam menos, uns que lhe proporcionem um melhor entusiasmo, uns que até determinada altura seriam os pais e filhos ideais. Para sempre. Mas só até determinada altura.

eles

Lembro-me de gostar deles. Eram bonitos e brilhantes. Estavam lá em cima, inalcançáveis para mim. Não porque eram anjos, mas porque estavam colados nos vidros de janelas muito altas para a minha idade. Mas não importava, gostava de os ver lá no cimo. Em várias cores, de papel lustroso, muito bem recortados nas suas formas. Ficava compenetrada e abstraida do resto a contempla-los. Era natal, e faziam parte da decoração da escola. Uma vez por ano. Era quando os podia ver.